quarta-feira, abril 26, 2006

O EIXO LIBERAL

Publicado na Revista Atlantico.


Angela Merkel, David Cameron, Nicolas Sarkozy. Estes três nomes, e potenciais líderes europeus, podem ser a próxima oportunidade para a Europa. Em substituição do motor franco-alemão, é possível criar um eixo com sede em Paris, Londres e Berlim. Um eixo liberal. A economia europeia agradeceria.


Eleito líder dos conservadores com uma maioria mais do que confortável, David Cameron dirigiu-se pela primeira vez ao primeiro-ministro britânico para lhe dizer que Blair já tinha sido o futuro, e agora era ele, David. Quem viu a transmissão na BBC terá reparado que Blair não só esteve bastante condescendente, como até parecia um pouco enternecido. Finalmente tinha sucessor. E, como se adivinhava, não era do seu lado, era do lado de lá da bancada parlamentar. Gordon Brown irá, muito provavelmente, herdar o governo e o Labour, mas o New parece ter sido deixado em herança a Cameron. Resta saber quando é que vão ser as eleições legislativas inglesas, previstas para 2009-2010, e quem é que as vai ganhar, claro.

Algumas semanas antes, em Berlim, uma frágil Angela Merkel ganhava as eleições legislativas antecipadas por uma margem minúscula mas suficiente para fazer regressar os democrata-cristãos ao poder. Acompanhados pelos sociais-democratas, é certo, mas de volta e com promessas de reforma.

Quase ao mesmo tempo, as revoltas suburbanas em França recolocaram Nicolas Sarkozy, o líder da UMP e farei-tudo-o-que-for-preciso-para-ser-candidato-presidencial-da-direita-em-2007, no centro das atenções. Insultado pelas elites por ter adoptado uma postura securitária e um discurso pouco social, o filho de um imigrante da burguesia húngara recebeu o acordo de uma vasta maioria da população. Quando os subúrbios ardem a classe média tende a encontrar maiores virtudes na Lei e na Ordem do que nas preocupações sociais.
Para fechar esta coincidência temporal, no início de Novembro José Manuel Barroso, que não pôde escolher os comissários que tem, remodelou os lugares de topo da administração comunitária numa espécie de golpe de estado entre as oito da noite e as oito da manhã. No dia seguinte o conservador britânico The Daily Telegraph declarava "Tatcherites take Control of Europe". Um exagero, sem dúvida. Mas a verdade é que a revolução foi suficientemente visível para que um eurodeputado centrista francês se declarasse, numa carta aberta, inquieto enquanto francês, enquanto europeu e enquanto democrata. Jean-Louis Bourlanges, é esse o nome do patriota, percebeu o óbvio: depois de ter andado entre um lado e o outro, Barroso resolveu ser liberal. Pelo menos para já. Ou por enquanto.
A esta altura ninguém conhece o resto do guião nem sabe como vai acabar a história, mas estes quatro actos parecem indicar que há uma viragem à direita. E há boas razões para isso.
O modelo social europeu não está em causa, nem vai estar. Ao contrário do que muitas vezes se diz e escreve, não existe uma guerra ideológica na Europa entre uma Esquerda anticapitalista e uma Direita supostamente ultraliberal que abomina o estado social e pretende um modelo liberal puro e duro. Quanto mais não seja porque não houve nem há espaço para um liberalismo puro, muito menos duro, na Europa. E porque à esquerda também há alguma dose de realismo. O que divide as águas é outra coisa, é a economia, é a oposição entre uma visão reformista e libertadora da economia e uma ideia antiga de capitalismo sobretudo de Estado e de direitos irremediavelmente adquiridos. O confronto é este e a boa notícia é que a Europa está a virar à direita. Ou, pelo menos, tem condições para o fazer.
Roger Cohen, jornalista e colunista do New York Times e do International Herald Tribune especializado em assuntos internacionais, resumiu bem a situação. Ainda em Outubro explicava que os ataques do fundamentalismo islâmico em Madrid, Amesterdão e Londres, por um lado, e a dificuldade da economia europeia em responder à pressão provocada pelo desemprego imediato e pelo constante envelhecimento da população, por outro, empurram a Europa para a Direita. "O terrorismo significa que a Lei a Ordem, parte da mensagem eleitoral vencedora de Angela Merkel está na moda, e que a indulgência em relação à imigração está fora de moda. As dificuldades económicas, especialmente em França e na Alemanha, empurram na direcção das reformas económicas. Ambas as tendências favorecem a direita."

Do outro lado da barricada, o berlinense Die Tagszeitung garantia, no início de Dezembro, que os tempos de mudança que tantos previam afinal não viriam aí. Na sequência da formação do governo alemão, Sabine Herre achava que os que contavam com um trio germano-franco-britânico, chefiado por Merkel, pelo presidenciável Sarkozy e por Blair para colocarem a Europa no caminho das reformas profundas, nomeadamente as reformas económicas, deviam começar a refazer a sua contabilidade. Segundo esta corrente de opinião, Blair está morto, Sarkozy não foi liberal nem reformista quando foi ministro das Finanças em 2004 e a coligação liderada por Merkel é um acordo provisório com traição à vista. Um desastre, portanto, só comparável ao suposto annus horribilis de 2005. É uma visão. Há outras.

Depois de fazer o seu número de apresentação na Câmara dos Comuns, Cameron dirigiu-se a uma escola de um bairro pobre de Londres. O último sítio onde encontrar eleitores conservadores, sobretudo para quem os imagina brancos e com particular predilecção pela caça à raposa. Acontece que o líder conservador, que nem 40 anos tem, resolveu mudar o partido. Pode parecer uma contradição, mas a convicção generalizada é a de que o maior problema dos conservadores era a sua imagem retrógrada e distante das preocupações dos ingleses comuns. Cameron, que percebeu isso desde o início da corrida, prometeu procurar chegar a um eleitorado jovem e urbano. Prometeu e, para já, parece que vai cumprir. O ministro das Finanças que manteve no gabinete sombra é o seu amigo George Osborne, o homem − ou será melhor dizer o rapaz de 34 anos? − que já defendeu que se devia discutir a possibilidade de introduzir o flat tax na Grã-Bretanha. De resto, declarou-se contra a exagerada regulamentação europeia, contra medidas excessivamente securitárias (na perspectiva dos ingleses o Bilhete de Identidade é uma violência securitária), defende uma política de imigração controlada e razoável, foi a favor da intervenção no Iraque e não quer uma retirada irresponsável agora. Acresce que declarou, e também parece disposto a cumprir, não querer fazer uma oposição constante. Ou seja, agora que há cada vez mais deputados trabalhistas a exibir sem reservas a sua falta de amor ao chefe e a sua pouca convicção liberal, os Tories estão disponíveis para herdar tudo que ficar à direita do Labour. Neste cenário, é Gordon Brown quem corre maiores riscos, já que pode ter de escolher entre perder as políticas de centro ou o partido de esquerda.
Com Londres, portanto, parece que se pode continuar a contar para a reforma da economia europeia. Não será por aqui que a directiva dos serviços vai sucumbir ou que o reforço das competências comunitárias vai receber um impulso.

Entretanto, em Berlim Angela Merkel agarrou-se à magra vitória eleitoral e só descansou quando foi oficializada como chefe da coligação CDU/CSU + SPD, assegurando uma agenda política que inclui aumentos do IVA para fazer face ao défice mas, ao mesmo tempo, reduções das quotizações sociais, incentivos fiscais ao investimento, reforma do mercado de trabalho e, como começa a acontecer em todos os países onde o modelo social europeu é mais generoso, a alteração da idade da reforma. Para mais tarde, claro. A senhora, que ia perdendo as eleições por ter sido demasiado sincera quanto à necessidade de reformas da economia alemã, fez um contrato com os sociais-democratas que muitos declaram já ser um casamento com divórcio certo e conturbada divisão de bens à vista. Um raciocínio linear diria que sim. Por que razão é que os únicos partidos com possibilidade de dirigir a política alemã hão-de partilhar o ónus das reformas dolorosas? Porque elas vão resultar, responde Michael Heise, economista chefe do Dresdner Bank e do Grupo Allianz.
Considerando que o programa de governo anunciado é razoavelmente positivo, Heise conclui que haverá mais reformas do que as já prometidas porque "ou a pressão financeira sobre o orçamento federal continua – tornando insustentável não fazer mais reformas, presume-se – ou a economia alemã acelera e os parceiros da coligação decidem prosseguir com os cortes". A reforma da economia alemã pode, pois, ser inevitável, para este economista. E pode ser um exemplo para o resto da Europa.

Imediatamente após a sua confirmação, Merkel fez as malas e foi visitar Chirac. Foi a primeira visita oficial e a 23 de Novembro os jornais franceses rejubilavam. Afinal os alemães não tinham eleito uma anti-gaulesa furiosa. Pois não. Mas os dias seguintes da sua viagem também devem ser seguidos. De Paris, onde foi reconhecer a especial relação franco-alemã, Merkel seguiu para Bruxelas onde se encontrou com o secretário-geral da NATO, a quem jurou suficiente amor transatlântico, e com Barroso, que lhe deu as boas-vindas num carinhoso alemão visivelmente recém-aprendido. O gesto não é irrelevante.

Quando remodelou os lugares de topo da Comissão Europeia, Durão Barroso deu guia de marcha a Françoise Le Bail, a francesa que fazia de porta-voz da Comissão e nomeou para o mesmo lugar Johannes Laitenberger. Uma nomeação com significado. Como se imagina pelo nome, Laitenberger é um alemão. Como sabe quem o conhece, é um alemão que não só fala perfeitamente português como é especialmente próximo de Portugal (é casado com uma portuguesa e estudou em Portugal). Além disso, a sua origem política é, exactamente, a CDU. Não custa imaginar que foi ele quem ensinou Barroso a dar as boas-vindas à senhora Merkel. E, sobretudo, não custa imaginar que Barroso abriu um excelente canal com Berlim, onde a sua nomeação não tinha entusiasmado o anterior chanceler. Por aqui, as coisas também parecem correr de feição à visão liberal.

Num país onde se discute, com paixão calórica, a nacionalidade de uma empresa que produz iogurtes e outras iguarias, é difícil encontrar, pelo menos no governo, gente genuinamente liberal. Ou pelo menos sinceramente adepta da economia de mercado. É por essa razão que os verdadeiramente liberais dizem que Nicolas Sarkozy não é um deles, e que os outros o acusam de ser um perigoso liberal. De facto, não se lhe conhece um caderno de encargos liberalizador, nem a sua passagem pelo Ministério das Finanças ficará para a história da economia como um momento de entusiasmo liberal. Acontece que os políticos não são apenas aquilo que fazem, são também aquilo que se imagina que são. E nesse campeonato Sarkozy é o liberal-reformista-atlantista de serviço. A mania do jogging, a visita aos Estados Unidos, as suas origens, o desassombro de algumas declarações públicas, e o facto de se ter afastado de Chirac pelo lado liberal, fazem de Nicolas um quase hayekiano. Claro que não é, mas parece evidente que a sua amizade pessoal com a senhora Merkel, o seu afastamento em relação a Chirac, o seu ar moderno, tudo somado faz do líder da UMP o presidente desejado pelos que esperam que a França faça uma pequena revolução e adira ao modelo reformista. Ou, pelo menos, que não insulte a perspectiva anglo-saxónica do mundo como desporto político. Em particular a perspectiva económica.

Ora, depois dos incêndios de carros e demais rebuliços nos subúrbios franceses, a população parece ter compreendido Sarkozy, por mais que isso provoque urticária à esquerda e aos intelectuais. Enquanto nos dias que se seguiram aos confrontos, nos jornais Nicolas era o vilão, nas sondagens era o herói. Resta saber como será daqui a um ano.

Como facilmente se conclui, 2006 não será um annus mirabilis para a Europa ou para a direita liberal europeia. Sem reformas económicas não há milagres e, de resto, nem tudo o que faz falta acontecer vai estar pronto este ano. Ainda assim, há bons sinais.

Claro que Sarkozy só pode vir a ser presidente em 2007, e isto se se confirmar a absoluta improbabilidade de fazer eleger um candidato da esquerda, tendo em conta que, apesar de um recente congresso supostamente pacificador, os socialistas franceses não se recompuseram ainda. E se Villepin, um produto mais tipicamente francês, não se tornar mais desejável. Por outro lado, em Londres Cameron é só uma esperança. Uma boa esperança, mas nada mais do que isso. E pode ter de esperar até ao longínquo ano de 2010 para ir a votos. Acresce que em Berlim a convicção de que a coligação será eficiente e duradoura não é, de modo algum, generalizada. E em Bruxelas os equilíbrios e compromissos da Comissão Barroso não são uma garantia para quem quer ver uma agenda reformista em acção. Até porque qualquer iniciativa mais ousada pode ser desfeita às mãos do Conselho Europeu.

Quer isto dizer que a tese de que há uma viragem à direita é um acto de fé, eventualmente inspirado pela quadra natalícia? Não. A realidade é que o pêndulo vai agora nesta direcção. Resta saber se o balanço será convenientemente aproveitado. Depois da entrada de oito países com vontade de arriscar e de furar as barreiras dos mercados fechados, é tempo de os maiores países darem o exemplo. Sem economia não há empregos nem Europa social.
Alguém tem de explicar aos franceses – e a muitos outros europeus – que na indústria dos iogurtes o importante não é a nacionalidade, é a rentabilidade.

sexta-feira, março 31, 2006

O animo da mudança - Papel das instituições no desenvolvimento

Qual a causa do desenvolvimento tardio e mais letárgico da França em relação à Inglaterra no período da revolução industrial?
A resposta da pergunta acima pode ser dada das mais diversas formas, mas certamente a maneira que os manuais de economia e história mais utilizados seria a total responsabilidade do carvão no desenvolvimento de um em detrimento de outro.
O materialismo histórico consagra essa visão de mundo, caracterizada pela primazia da infra-estrutura, neste modelo o homem não é levado em conta; nem sua engenhosidade, nem sua iniciativa.
Mas, observe que a explicação materialista se inverte quando se compara o comportamento da Holanda aos expostos acima. Neste exemplo a total falta de estrutura foi mola propulsora para a superação dos obstáculos e conseqüente crescimento acelerado. Observando a inversão do argumento a conclusão natural é que há um fator imaterial que desempenha papel de importância relevante no desenvolvimento, ou a falta dele, nas sociedades.
O autor Alain Peyrefitte em seu livro a “A sociedade da confiança” (1) explora os exemplos acima, ora refutando ora complementando o raciocínio de Max Weber, sobre o protestantismo e o capitalismo, disserta sobre a importância do que ele chama de “elo de confiança” entre os agentes sociais para o desenvolvimento. Em “A sociedade da confiança” o autor elucida o mistério do crescimento associando o mesmo à qualidade das condições dadas pela sociedade para o gozo individual, e não socializado, dos frutos do trabalho, do empreendimento da força e das capacidades do agente econômico.
Entender o papel das instituições no desenvolvimento é entender as condições necessárias ao empreendimento da ação humana, como ato propositado e consciente (2), no enriquecimento e crescimento. É entender o papel da preservação da ação humana no passado, traduzido no presente como propriedade privada e os limites destes agentes preservadores de forma a não tolher a criatividade e a liberdade.
É normal a confusão entre as instituições fortes; que promovem pela virtude uma confiança pujante que estimula a criatividade, a variedade, a iniciativa; com leis e regulamentações “protetoras” que promovem e são promovidas por uma desconfiança generalizada, mais controle, mais policiamento, mais burocracia, mais punições. Esta diferença é esclarecida em clássicos como “A Lei” de Bastiat (3) e “Lei, Direito e Liberdade” de Hayek (4) livros que diferenciam claramente as leis que protegem o animo virtuoso do desenvolvimento, combinando liberdade e preservação dos direitos de propriedade (no mais amplo aspecto), e as leis que espoliam a sociedade com o pretexto de uma chamada “justiça social”.

A instituições são parte e muitas vezes o todo do desenvolvimento, o fortalecimento destas são condição primária, essencial e anterior ao desenvolvimento, isto é o que a evidência histórica tem demonstrado, e os conceitos de respeito ao fruto do trabalho e capacidade são derivados de instituições anteriores às leis e códigos comerciais.

(1) A Sociedade da Confiança; Alain Peyrefitte; Top Books-1999
(2) Ação Humana; Ludwig Von Mises. Instituto Liberal-1992
(3) A Lei, Frederic Bastiat; Instituto Liberal-1994
(4) Lei, Direito e Liberdade; Instituto Liberal-1989

sexta-feira, novembro 11, 2005

Meu primeiro pregão

Estudar economia para mim, ao contrário do tentaram me convencer na IBMEC, é observar o sujeito comum no dia-a-dia e ver como é que ele se comporta quando o negócio aperta (ou na linguagem mais culta “frente à escassez”).

A bolsa de valores é para mim um ambiente perfeito para observar como os tomadores de decisão se posicionam nas mais diversas situações, mas eu ficava me perguntando; será que só em ambientes de grande circulação de capital as pessoas se organizam desta forma, estruturam a decisões em tão peculiar estrutura?

Esta pergunta foi respondida quando eu e a minha então namorada fomos comprar peixe em um mercadinho de peixes de uma cidade de praia no interior do Rio de Janeiro.

Como uma bolsa de valores o mercado era um condomínio de corretoras (pescadores) que não possuem um poder de mercado suficientemente grande para fazer preços.O trade dos mais diversos bens era feito livremente entre as contrapartes e a liquidação, tanto física, quando financeira era imediata.

A parte interessante ficava com a dinâmica de preços, que não podia ser mais volátil. Tal qual as bolsas de valores, os especuladores (comerciantes, barraqueiros e feirante) que eventualmente vendiam os insumos de suas barracas ali no mercado mesmo, sabiam a hora de chegada dos turistas e donos de restaurante que, não importando o preço tinham que comprar peixes para seu respectivo consumo. Estes especuladores se encarregavam da liquidez do mercado. Eram eles que garantiam o equilíbrio de preço para que as oportunidades de arbitragem fossem muito pequenos.

Um ou outro boateiro/cachaceiros que ficavam bebendo e comendo peixe jogado fora pelos pescadores (os analistas de mercado), a serviço dos especuladores eventualmente, ficavam fazendo conjecturas sobre as condições da pesca e a quantidade de barcos no mar àquela hora a quem quisesse escutar. Naturalmente quando algum dos “analistas” soltava uma bomba do tipo. “Quem estava já voltou, agora não tem mais barco para chegar” a corrida dos turistas por peixes aumentava muito e o preço, naturalmente, ia às alturas. Nessas horas entravam os barraqueiros e peixeiros vendendo seus estoques, complementando a oferta dos pescadores.

Claro que depois de meia hora chegavam mais meia-dúzia de barcos e o preço voltava ao patamar anterior, mas aí o mal já estava feito e os negócios fechados. Iam para casa os incautos turistas com seus camarões sobrevalorizados.

Este microcosmo da “bolsa de peixe” me deu um exemplo da natural formação de mercado e sua estruturação. E mostrou que a sofisticação e a tecnologia podem até melhorar a assimetria de informações e a velocidade dos negócios, mas não muda a essência do mercado que depende muito mais da “ação humana” (praxeologia, na linguagem de Mises) o que da velocidade em que a boleta é processada.

terça-feira, novembro 08, 2005

Reforma agrária para fins de retaliação política e vingança?

O De Gustibus lançou uma perguntas sobre um tema que pouco se fala, e quando citado via de regra escreve-se besteira.
Vão as respostas às perguntas

Questões para alunos de economia: (i) o respeito aos direitos de propriedade é importante para o crescimento econômico? (ii) se o cumprimento da lei é necessário, e se a lei é - e sempre será - imperfeita como incentivo, brincar com as propriedades alheias é a melhor forma de se aperfeiçoá-la?

(i) O respeito aos direitos de propriedade são a condição basilar para a existência de uma economia de mercado e mais ainda, para uma sociedade em que reine o “rule of law”.
Democracia e liberdade política são, em boa parte, derivados de uma rede de proteção/respeito indiscutível ao direito de propriedade. Mises escreveu um ensaio muito interessante falando sobre este tema chamado “Liberty and Property”, que está disponível no www.mises.org.
É natural que possa se alcançar crescimento econômico com restrições às liberdades democráticas e desrespeito propriedade. Basta olhar os exemplos da China, Rússia, Alemanha nazista, Itália fascista... No entanto, eu não acredito que estes sejam exemplos a serem seguidos.
O direito de propriedade garante, ao contrário, que seja assegurado ao agente econômico que os frutos de seu trabalho possam ser usufruídos por ele e/ou por seus herdeiros da maneira que der na telha. Essa garantia incentiva o desenvolvimento na medida em que o trabalho tem seus frutos protegidos.
Historicamente os países que têm uma cultura de proteção à propriedade mais austera têm apresentado, além de níveis de vida extremamente atrativos e baixa susceptibilidade a regimes autoritários e medidas antidemocráticas. A Suíça é um ótimo exemplo do que estou dizendo.

(ii) Eu não sei o que você define como “brincar com a propriedade alheia”. Para mim brincadeiras não consentidas com a propriedade alheia podem ser divididas em três tipos básicos, todas de muito mau gosto. São elas assassinato, escravidão e roubo/pilhagem; estas são brincadeiras com, respectivamente, a vida, liberdade e aos frutos do trabalho.
Tentar chegar a uma situação ideal praticando o mal é uma prática que já foi tentada pelos maiores assassinos da história que não chegaram a bons resultados, e é por esta razão que endossar o roubo com o intuito de melhorar uma lei é designar o lobo para cuidar do galinheiro.

sexta-feira, agosto 19, 2005

Relatório urgente do Research do BNP para os clientes expostos em Brasil

Until now, the most remarkable aspect of the series of corruption scandals
that have swept Brazil in the past three months was precisely the absence
of any major market impact. This is about to change:
i/ with Palocci implicated in a new corruption scandal -- one of his close
former advisors is accusing him of receiving bribes from private companies
when Palocci was mayor of Ribeirao Preto -- the political scandals now hit
at the last remaining bastion of respectability left in the Lula
administration, putting the President directly at risk of impeachment.
ii/ macroeconomic stability is also at risk because that was synonymous
with Palocci's management of the economy. That markets have been relatively
stable until now is in largely a reflection of the fact that Palocci was
himself unscathed, while some of the more populist members of the
governments (Dirceu and others) were being cleansed.
Iii/ We think that Palocci’s resignation is highly likely. Murilo Portugal,
until now deputy minister of finance, would probably replace him. He would
be an orthodox choice but he will have to fight an uphill battle to calm
the markets.
iii/ the fact that political scandals would appear to affect all spheres of
government --and in fact of opposition parties as well -- raises the risk
of Brazil falling into a political power vaccuum with the future of the
country plagued by uncertainty. ;
iv/ Brazil's economic fundamentals are clearly compelling, but this is
still a heavily indebted country with very short term public debt indexed
to overnight rates. Debt dynamic could become troublesome again at the bat
of an eye.
v/ if Brazil loses its political rudder and investors pull out en masse,
neighbouring countries will not be left unscathed. In the region, only
Mexico looks to us to be a relative safe-haven, but given that it too has
received its fair share of portfolio inflows in the search for yield rally,
it would not be as protected as it was in 2002/03.

Voltei

Estive em Nova York fazendo um curso na FEE (Foundation for Economic Education).
Foi uma espécia de SPA econômico onde você "desestressa" da discussão acadêmica brasileira, dos nossos neo-clássicos, neo-Keynesianos e neo-Marxitas e vai aprender com liberais de verdade.

O curso serviu para uma coisa, acima de todas as outras, me mostrar que o Brasil está há pelo menos 30 anos de distância em termos de debate intelectual sobre teoria econômica.

Mais uma do Emir, copiado do FYI

Emir Sader, o sábio, explica as 10 lições que a crise do PT "ensinou".
Todas são incríveis, mas a melhor de todas foi:

"5. A corrupção e a imoralidade são exclusivos da direita
As denúncias revelam, de forma eloqüente, que dirigentes do PT praticaram sistematicamente atos de corrupção, seja para comprar votos aliados, seja para benefícios próprios, materiais ou de influência pessoal e política.
É certo que os votos comprados serviram para beneficiar projetos da direita, mas foram crimes cometidos por dirigentes do mais importante partido de esquerda do Brasil.
A vigilância ética, portanto, tem de ser uma atitude permanente da esquerda, sobre tudo e ainda mais sobre si mesma."

Falando sério, esse sujeito é professor da USP, da Uerj, e coordenador do Laboratório de Políticas Públicas da Uerj. Eu duvido que isso seja muito diferente do que ele ensina nessas faculdades, que supostamente estão entre as melhores que temos.Nós pagamos o salário dele. Nós patrocinamos décadas de doutrinação de milhares de jovens com esse lixo.Como não achar que temos o governo que merecemos?

segunda-feira, julho 18, 2005

Trunfos do Governo para 2006

1) o grande ativo de Lula é a estabilidade, e ela não lhe pertence exclusivamente (nem originalmente);

2) a gestão do governo é uma vistosa barafunda, e, para lembrar Eliana Cardoso, "é difícil encontrar virtudes no funcionamento da economia atual que não sejam derivadas do contexto internacional favorável" – logo, como Blanche Dubois, de Um Bonde Chamado Desejo, continuamos dependendo da "boa vontade de estranhos";

3) há uma boa possibilidade de que este cenário externo hospitaleiro sofra mudanças importantes;

4) há sinais evidentes de desinstitucionalização das relações políticas e de desprestígio à democracia representativa;

5) a violência cresce no campo e nas cidades, e se responde ao desafio, num caso, com peroração ideológica e, no outro, com parnasianismo sociológico;

6) nas relações exteriores, está evidente que o governo prefere ditaduras a democracias;

7) há um óbvio aparelhamento do Estado pelo PT, o que dificulta ou impede reformas estruturais que ainda estão por ser feitas.

- Primeira Leitura

sexta-feira, julho 15, 2005

Venezuela, Chavez e a solução bolivariana

Hugo Chávez, presidente da Venezuela, acusa Bush de incentivar os conflitos na Bolívia. Segundo o presidente venezuelano as pressões que impeliram o presidente Carlos Mesa a renunciar em 6 de junho deste ano foram o repúdio popular às políticas “Neoliberais” advogadas pelo presidente americano.

Chávez, naturalmente, recomendou como remédio à crise venezuelana sua própria revolução. Ele, um líder autocrático, recomenda a aplicação de um “welfare state” que supostamente drena os lucros vindos dos monopólios estatais para programas de assistência social dirigidos aos menos favorecidos. Vale lembrar que a sugestão não tem nada de nova. A concentração do erário na mão de poucos com muito poder é a receita clássica da América Latina para o aumento da corrupção e de ruína econômica.

O que a Bolívia realmente precisa é uma dose cavalar da receita oposta: compromissos com marcos regulatórios que mantenham o governo fora do ramo de energia e um novo arcabouço legal que proteja de fato a propriedade privada possibilitando, desta forma, que grupo à princípio antagônicos trabalhem de maneira conjunta cada um em busca de seus objetivos.

Um pouco de história

Grande parte dos distúrbios sociais na Venezuela originam-se da discórdia entre os descendentes de europeus e a maioria indígena da população. Os hispânicos no passado receberam títulos e garantias para suas propriedades e acesso ao poder político. Enquanto os indígenas, segregados, em sua maioria mantinham-se na ignorância, longe do ensino público e obrigados, por falta de opção, a trabalharem em minas de prata e estanho, quando não em culturas de subsistência.

De sua independência em 1825 a 1980 a Bolívia experimentou um histórico de instabilidade política com golpes freqüentes e constituições de vida curtas. Depois da revolução de 1952, o país nacionalizou sua industria mineral e redistribuiu suas terras a grupos indígenas. No decorrer de vinte anos, o setor publicou inflou e o país acumulou uma dívida tão grande que a economia quase regrediu ao escambo.

De 1985 a 2000 com líderes civis eleitos legitimamente, um congresso mais independentes, privatizações de industrias estatais, menores impostos e abertura econômica ao comércio internacional trouxeram estabilidade ao país e uma taxa de crescimento econômico anual de, em média, 4%. Infelizmente os interesses conflitantes naquele país desperdiçaram o momento para identificar os interesses comuns e promoverem uma ampla participação em uma economia livre.

O Problema do Gás

Focados estritamente na assistência americana que ajudou a Venezuela a eliminar 90% de suas plantações ilícitas de coca o governo falhou em substituir a cultura de coca por outra legalizada tendo que amargar queda na renda e contração na economia. No final do século passado o então presidente Jorge Quiroga contou com a exploração das recém-descobertas reservas de gás natural para sanar seus déficit e diminuir o impacto na queda de renda deixando o problema da diminuição da renda para seu sucessor.

Eleito em 2002, Gonzalo Sánchez de Lozada tentou, de forma a resolver seu problema de déficit público, aumentar a renda do governo via aumento de impostos se colocando em uma posição desconfortável em relação a seus eleitores. O anúncio da construção de um gasoduto ligando a Venezuela aos Estados Unidos para aumentar as exportações de gás, sem maiores explicações á população, foi mais uma medida extremamente impopular imposta pelo governo de Sanchéz.

Agitadores exploraram a oportunidade. Em setembro de 2003 uma turba de manifestantes bloqueou ruas e vandalizaram várias regiões da Venezuela em protesto a construção do gasoduto. A violência aumentou quando os manifestantes abriram fogo contra as tropas de choques da polícia que tentava livrar um grupo de turistas da massa que atirava pedras nestes. Quando os militares abriram fogo em resposta os líderes do tumulto chamaram o ato de massacre do governo sobre os manifestantes colocando novamente o governo em cheque. É interessante que se diga que posteriormente, o comandante das forças armadas bolivianas reportou à imprensa que 70 rebeldes das FARC haviam entrado no país para participar das manifestações contra o gasoduto.

Em 17 de outubro de 2004, Sanchéz renunciou da presidência da Venezuela tendo como substituto o vice-presidente Carlos Mesa. O novo presidente adotou uma agenda conciliadora para ganhar tempo. Como resultado desta estratégia, os agitadores mantiveram as suas ofensivas, forçando o governo a aceitar a nacionalização de indústrias de óleo e gás, novas eleições e uma nova assembléia constituinte de forma beneficiar diretamente aos grupos que representam.

Em março de 2005, Mesa ofereceu sua renúncia ao congresso, que rejeitou a oferta. Em maio o mesmo se negou a assinar uma lei aumentando os royalties da energia gerada por empresas multinacionais de 18 para 50 por cento, sem um veto formal a lei passou. Em 6 de junho deste ano o presidente renunciou definitivamente. O legislativo nomeou o presidente do supremo, Eduardo Rodrigues, como substituto do presidente. Como Rodrigues não está na linha formal de sucessão presidencial as novas eleições tornam-se mandatórias para a manutenção do estado de direito.

Nós contra eles

Novas eleições não manterão grupos intransigentes longe de desentendimentos. Em disputa por poderes estão de um lado líderes indígenas radicais como Jaime Solares e Aberl Mamanu, o congressista Evo Morales, líder dos plantadores de coca de Cochabamba e líder do partido socialista. Todos querem a nacionalização da produção e refino de óleo e gás natural e uma nova constituição que distribua as propriedades rurais.
Do outro lado estão os homens de negócio da província de Santa Cruz, que preocupados com a repetição da revolução de 1952 e a conseqüente falência na economia, eles desejam um governo autônomo e um controle efetivo sobre os recursos naturais. A maior parte dos depósitos bolivianos de hidrocarbonetos estão ameaçados devido a constituição da Bolívia não proteger a propriedade privada e os recursos do subsolo pertencerem ao estado, o controle governamental é crucial para ambos os grupos.

Regressão Democrática

Depois 20 de estabilidade e crescimento econômico a Bolívia, aparentemente, está regredindo a condição anterior de histórico de golpes, vinganças e populismo. Mas, o antídoto para uma guerra entre ricos e pobres é algo que nenhum dos lados considera: o diálogo e o consenso sobre o papel do governo e sobre os direitos sobre propriedade.
Diversamente a luta dos grande ativistas como Solares, Mamani e Morales, muitas comunidades indígenas estão cautelosos em relação a panacéias populistas. Líderes empresariais devem alcançar este público para que consigam criar uma coalizão de interesses para o acesso ao interesse político, participação econômica e leis de defesa da propriedade mais fortes de forma a todos terem a possibilidade de possuir propriedades, se beneficiar com as riquezas do subsolo e manterem a renda do país.

Golpe das Elites

15:30 ATAQUE DA OPOSIÇÃO FOGE DO MODELO "CLÁSSICO", DIZ MARIA DO ROSARIO

Rio, 15 - A deputada Maria do Rosario (PT-RS), candidata da chapa Movimento à Presidência do Partido dos Trabalhadores, disse que o discurso de ontem do líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio, "mostra o tipo de golpe que querem dar". Para ela, "uma das formas mais perversas de ataque do PSDB hoje é defender que o Lula não concorra à reeleição".

Maria do Rosario considera que o "ataque" de Virgílio a Lula "é desrespeitoso com o presidente e o Brasil".

Indagada se concorda com as denúncias de tentativa de golpe da oposição feita por alguns petistas, como reação às críticas ao governo, Maria do Rosario respondeu que "inicialmente, quando começamos a receber denúncias, vinculamos o tema à perspectiva de golpe". Segundo ela, com a passagem do tempo ficou claro que a intenção não é de um "golpe clássico", mas que a oposição está se utilizando politicamente do desgaste do governo paralisando o Congresso, "atingindo dessa forma as instituições". E perguntou: "a paralisia das instituições interessa a quem? É uma forma de golpe?" A deputada está lançando hoje no Rio a candidatura para as eleições do dia 18 de setembro à presidência nacional do PT. (Jacqueline Farid)

O Golpe

A palavra Golpe está sendo repetida muitas vezes nos noticiário.

É natural que qualquer ser humano bípede, quando ouve as reclamações da esquerda do PT a respeito do golpe das elites contra a esquerda pobrezinha e limpa faz um sorrizinho de canto de boca e desconsidera a colocação.

Mas, a repetição desta palavra na cabeça de ativistas, panfletadores, funcionários públicos, bancários, sindicalistas, universitários e outras subespécies políticas pode começar a desenhar um cenário esquisito no horizonte.
Não sei... mas não tenho um bom pressentimento.

Política

O cenário político está pastoso. Isso todo mundo concorda.
O ponto de discordância é quem está sujo com o embostejamento do cenário.
Com o conforto dado ao “efelentífimo” pela última pesquisa CNT/SENSUS que demonstrou que até àquele momento a presidência não havia se sujado e toda a culpa do imbróglio estava sendo dada a câmara e ao ‘sistema’, herança maldita... a estratégia, tanto do presidente quanto da posição mudou.
Agora o Lula fica de coitado, dizendo que o Brasil não merecia essa facada e que ele não sabia de nada e a oposição, doravante, como os macacos da Quinta da Boa Vista, vão ficar jogando merda em quem passar frente deles, principalmente no Presidente.
Agora a Bolsa vai querem precificar o risco político.

terça-feira, julho 12, 2005

Sobre o liberalismo

Cada vez que eu converso com uma pessoa razoavelmente esclarecida que se diz anti-liberalismo eu me convenço que ele é um liberal de carteirinha...
Todo mundo deveria saber algumas verdades óbvias sobre o liberalismo:

- O Partido Liberal, no Brasil, não é liberal... ele tem esse nome sim, mas isso não faz dele liberal... assim como o Partido dos Trabalhadores não é necessáriamente dos trabalhadores, por exemplo.
- O Partido da Frente Liberal também não é um exemplo de Partido que defenda o ideário liberal... na verdade o PFL é um bom exemplo de clientelismo e coronelismo conservador no Brasil. Um partido com homens como ACM Neto e Bornhausen não pode ser sério.
- O Plano Real não é um plano Neoliberal por duas razões: porque não atacou o verdadeiro problema do Brasil, o déficit público e porque não existe essa coisa chamada Neoliberalismo, o que existe é Liberalismo.
- Ser Liberal não é ser contra os pobres, é na verdade ser contra a maioria dos homens extremamente ricos (por exemplo Fidel Castro, Lula, Delúbio, Valério, Bin Laden...)
- Ser Liberal não quer dizer que você é um cara bem liberal e fica tranquilo quando mexem com a sua mulher na rua e quando a sua filha põe piercing no nariz.
- Liberal americano é totalmente diferente de liberal no resto do mundo.
- FHC não é neoliberal.
- Lula não é neoliberal.
- Liberal não gosta de juros altos, gosta de juros de mercado.
- Liberal não gosta de dólar baixo, gosta de dólar de mercado.

A Finlândia

Um espírito de porco aqui do trabalho acabou de me falar sobre os seus sete meses na Finlândia a trabalho.Disse horrores sobre este país tão pacato... eles, aparetemente, odeiam tudo que não é finlandes.

Quero me mudar para a Finlândia

Não quero comentar muito mais a crise política.
Ler a Veja nas últimas semanas é como ler a Contigo ou qualquer outro semanário de fofocas.
Não me interessa.
É quase impossível comentar a crise sem apelar por chavões e lugares comuns.
Não quero saber se o filho do Lula namora a Elizabeth Savalla ou se ele tem um caso com o namorado surfista de Cabo Frio do Roberto Jefferson.
O Brasil está parado, perdendo tempo com discussões sobre o sexo dos anjos e sobre a neutralidade da moeda enquanto o tempo passa.
Eu quero me mudar para a Finlândia.

segunda-feira, julho 04, 2005

BBC diz que Chávez e Fidel perderam o interlocutor Dirceu

A jornalista Márcia Carmo, enviada da BBC a Caracas, diz que “os analistas venezuelanos entendem que os presidentes Hugo Chávez (Venezuela) e Fidel Castro (Cuba) perderam com a saída de José Dirceu da Casa Civil.” O professor de Ciências Políticas da Universidade Central venezuelana, Diego Bautista Urbaneja, disse à BBC: “José Dirceu era partidário dos dois governos (Chávez e Fidel) e a saída dele foi uma má notícia para os dois presidentes".

- Até que enfim uma notícia boa

E todos fingem que Lula ignora o que é seu partido 1h30 -

Por enquanto, a elite política brasileira e os formadores de opinião vão tropeçando nos métodos petistas de operar a coisa pública e vão fingindo que Lula não tem nada com isso, como se fosse um mero agregado do PT. Lula, é preciso que fique claro, é sua maior estrela e seu maior dirigente. O manto politicamente correto e ideologicamente hipócrita que protegia o partido impediu que suas administrações estaduais e municipais fossem devidamente avaliadas. Hora de se voltar a falar a sério sobre Santo André, onde tudo começou. - RA

Contra fluxos não há argumento

O mercado, definitivamente, não tem uma lógica muito compreensível.
Na eleição do Lula a bolsa despencou até quase 8 mil pontos e o dólar foi até quase 4 reais.

Agora nós temos uma crise política que pode redundar até mesmo em crise institucional e o mercado nada.

A única explicação, principalmente para a queda continuada da moeda estrangeira, são os fluxos que não se acabam. Por um lado as exportações e por outro as captações de empresas privadas que não páram de forçar o dólar para baixo.

quinta-feira, junho 30, 2005

Na guerra tudo vale, menos morrer

A estratégia de Roberto Jefferson me faz fazer algumas conjecturas sobre a guerra...

Um soldado normal é um cidadão comum, tem família, posses e alguma razão para voltar para casa. O soldado normal luta pelo seu reino na terra, luta para poder voltar a viver em paz.
Soldados não regulares, terroristas, por exemplo, não temem a nada. Ele,s não só, não temem a morte, como eventualmente a desejam.

Um soldado que tem o que perder lutando contra um que não tem nada a perder leva a desvantagem do downsizing. A perda do primeiro é muito maior do que a do oponente, e o ganho é similar.
Em uma luta corporal contra alguém que não tem medo de nada ou não tem mais nada a perder pode até ser vencida, mas não sem estragos que podem vir a ser, eventualmente, fatais.

Roberto Jefferson ao se ver cercado de todos os lados adotou a estratégia do terrorista: eu vou, mas você vai comigo.Para vencer um inimigo como este só não tendo o que temer... Em Brasília vai ser difícil achar um político sem não ter o que temer.

Mérito a quem merece

Eu não posso dizer que o Bob Jeff é um exemplo de político no sentido moral da palavra.
Mas para quem até um mês atrás estava na lama até o pescoço e sendo fritado pelo próprio partido, Roberto Jefferson está até muito bem.

A guinada que o sujeito deu no rumo dos fatos foi incrível... levou todo mundo junto com ele e por alguma razão incrível mantêm-se acima dos que levou para o buraco.
Assisti parcialmente ao depoimento dele na Globonews. É impressionante a forma como ele ataca na maior sencerimônia qualquer um que chega perto dele.

Da série “Textos que eu gostaria de ter escrito”

Ninguém gosta muito dos Wunderbloggers porque eles fazem o estilo meio “todo todo”, enfim... demi babaquinhas.

Mas mesmo assim o ASS e mais uns dois ou três eventualmente arrebentam nos seus textos.Mandou bem demais no “E eu nunca terminei aquele livro de Schopenhauer, swear to God”, muito inteligente.

E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.

E agora respingou na Dilma

Agora é a companheira Dalva,
Mas enfim... se ela foi torturada ela deve ter razão

No dia em que vai depor na CPI, mais uma bomba deJefferson: "Furnas desvia R$ 3 milhões por mês para oPT, e Dirceu apóia"; estatal estava subordinada a Dilma 2h55

- O baú do deputado Roberto Jefferson, pelo visto, tem mais segredos e surpresas do que o de Fernando Pessoa. A diferença é que o do poeta português revelava maravilhas ao mundo; o de Jefferson, só horrores. Nesta quinta, dia em que vai depor na CPI dos Correios, a manchete da Folha de S. Paulo, assinada pela jornalista Renata Lo Prete, que fez com ele as duas entrevistas-bomba, é a seguinte: "Furnas faz caixa para o PT, diz Jefferson". A acusação é pesada. Segundo o deputado, a empresa desvia R$ 3 milhões por mês para o PT. Não custa lembrar: a estatal estava subordinada à ministra Dilma Rousseff, então nas Minas e Energia e agora na Casa Civil. Jefferson elogiou a sua nomeação. O agora não mais ministro José Dirceu, antecessor de Dilma, sabia tudo, ele assegura.

O livro do Biajoni

Li o “Sexo Anal”, livro escrito por Luís Biajoni, mais um dos grandes blogueiros deste mundão velho sem porteira.

Como eu disse, estive na CNBB (Conferência Nacional do Blogueiros do Brasil), em Vila Madalena, São Paulo, com aquele povão que perde as suas noites escrevendo em blogs. Um dos que estavam lá era o aclamado Biajoni que me presenteou com o seu belo livro.

O presente veio em boa hora, estava indo para um curso de uma semana em Campinas sobre operações de tesouraria bancária e não tinha levado nenhum livro comigo.
Pena que o “Sexo Anal” acabou na segunda-feira. O livro é uma bela diversão.

Parabéns Biajoni.
O final é sublime

quarta-feira, junho 29, 2005

O óbvio ululante

É óbvio que a redução da taxa de juros, pela via da virtude e não do vício, passa pela redução de gastos do governo e o aumento do superávit primário.
É óbvio também que o governo irá, no ano que vem, abrir a torneirinha para melhorar as suas chances de reeleição. Ainda mais agora sem o FMI para passar carão.

12:46 PFL AVALIA LDO E DIZ QUE GOVERNO AUMENTARÁ GASTOS EM 2006

Brasília, 29 - Parlamentares do PFL na Câmara divulgaram hoje análise técnica do parecer do deputado Gilmar Machado (PT-MG) sobre o projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2006 afirmando que, como está o texto, não haverá a limitação de gastos propostas pelo governo no projeto original.

O governo estabeleceu que suas despesas serão limitadas a 17% do Produto Interno Bruto (PIB), a partir do ano que vem. O documento do PFL afirma que, ao excluir determinadas despesas deste limite, o governo acabará ampliando os gastos. "As despesas com a Lei Kandir, o FGTS e despesas obrigatórias foram excluídas da base de cálculo", aponta o estudo. "Portanto o limite será facilmente ultrapassado na fase de execução do Orçamento".

O limite de gastos, determinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi uma reação ao discurso da oposição de que o governo poderia aumentar suas despesas em 2006 em função da campanha eleitoral.
A redução de gastos pela máquina pública está sendo apontada pelo empresariado como uma forma de combater a inflação sem manter a taxa de juros do Banco Central nos atuais níveis. (James Allen)
É óbvio que o PFL vai chiar sobre a LDO, o PFL é a oposição. Mas isto é óbvio.

Caixa dois une mensalão a caso Celso Daniel, diz Jefferson 4h35 -

Saiu no Primeira Leitura - o neocon brazuca


Em entrevista à rádio Solar AM, de Juiz de Fora, que foi ao ar anteontem, Jefferson relacionou como eventos de uma mesma estrutura de caixa dois do PT o escândalo dos bingos, dos Correios, do mensalão "e o assassinato do prefeito Celso Daniel", de Santo André. Instado a apresentar detalhes, disse que falaria a respeito em seu depoimento de amanhã à CPI. Daniel foi seqüestrado e morto em janeiro de 2002. Depois dele, seis outras pessoas relacionadas ao caso foram assassinadas. A família rejeita a tese de crime comum. O caso foi reaberto a pedido do Ministério Público. Sérgio Sombra, amigo de Daniel e ligado a petistas de Santo André, é acusado pelo MP de ser o mandante do assassinato. Ele integraria um esquema de desvio de recursos na cidade, parte deles para financiar campanha política de petistas.

Companheira Dalva, ex-comissária do povo para minas e energia

Trabalho no setor elétrico, então me sinto um pouco mais confortável para criticar a postura da companheira Dalva no cargo de ministra.

Para quem observa as primeiras linhas do novo modelo para o setor elétrico, elaborado parcialmente pela administração de nossa companheira de armas, vê que a coisa começa errado na essência.
O objetivo da regulação, ao contrário do que reza o bom senso, não é tolher a má concorrência e práticas anti-mercado mas sim a MODICIDADE TARIFÁRIA.

Deixe-me traduzir o que é modicidade tarifária.
A coisa é simples: basicamente não importa o que acontecer, não importa o quanto chova e pra quanto descambe o preço do petróleo... o consumidor não deverá sentir estas flutuações, ou pelo menos deve ser amortecido das maiores delas.

Na verdade o que acontece é que o consumidor é poupado por um lado e esfaqueado do outro. Um belo exemplo é do apagão. Em que em uma crise de solvência do sistema recém-privatizado (diga-se de passagem, privatizado na porrada) o BNDES entrou garantindo tudo com jurinhos camarada adoçados pelo nosso bolso, naturalmente.

O que ocorre hoje no setor elétrico é uma tendência clara a reestatização “parda” (eu adoro este termo). Ou seja, tudo bem que não fica bonito (pelo menos agora) reestatizar tudo no pau. O modelo está rodando decentemente e o governo não teria condições de gerir o sistema todo de novo. Mas o novo modelo, claramente, está em parte inviabilizando a rentabilidade dos investidores que já entraram. Dessa forma, em alguns anos os que não aumentarem sua exposição no Brasil (não investirem para tentar recuperar as perdas) estarão saindo da região e entregando as suas concessões.

A patuléia gosta de falar que as empresas não investem no setor, que só querem ganhar e ir embora com o dinheiro. Mas qual é o gringo bípede que entraria com dinheiro novo em um setor em que não há uma regulamentação clara, em que os contratos são desrespeitados em nome dos mais variados interesses (os exemplos práticos estão aí pra quem quiser ver), nem sempre os mais cristãos, e que o risco político e regulatório (inclusive externo pela interconexão com outros países da AL) é uma realidade que bate a porta constantemente.

Novamente a esquerda em nome dos mais sublimes objetivos chega nos mais terríveis resultados.
PS: O próximo apagão está próximo. Se nós continuarmos crescendo a 3,5% aa vamos chegar no apagão antes de 2008.

terça-feira, junho 28, 2005

Frederic Bastiat

The law has been perverted by the influence of two entirely different causes: stupid greed and false philanthropy.

segunda-feira, junho 27, 2005

Dilma e o "martiriológio" esquerdista: e se fosse ao contrário?

Só para pensar um pouquinho. O "martiriológio" esquerdista ainda está em alta.
É incrível como o passado guerrilheiro de Dilma Rousseff lhe rende admiração presente.
A mulher se tornou um prodígio de mídia. Ok. Imaginem se tivesse sido, sei lá, uma militante fascista, que tivesse pegado em armas para instaurar uma ditadura de extrema direita no Brasil. Evidentemente, estaria na boca do sapo. O que seria, ademais, justo. Como queria, no Brasil, uma "democracia", sabe-se lá, à moda da de Mao Tse Tung na China ou da de Pol Pot no Camboja, todos estão muito encantados com ela. Dizem que é durona e competente. Até agora, no setor elétrico, não fez menos confusão do que os demais petistas em outras áreas (* só fez *$%erda). Tomara que resolva a barafunda na Casa Civil.
Mas o encantamento basbaque com seu passado em favor de uma ditadura comunista é indecente. Ora, é claro: quem a torturou, por mim, estaria na cadeia ainda hoje. Mas também quem matou "em nome de um sonho". Não tenho nada a ver com os pesadelos que essa gente quis e ainda quer ver realizados no Brasil - Reinaldo Azevedo

CNBB (Conferencia Nacional do Blogueiros do Brasil)

Fui ao encontro dos Blogueiros em Sampa.

Pessoal muito interessante com muito a dizer.

Não vou citar os presentes, mas valeu a viagem.
Abraço pessoal.
PS: confesso que blogueiro é um bicho estranho

Dois intelectuais petistas metidos no mar de lama teórico

Comentários de uma das poucas publicações interessantes que restam...

Sader é um caso especialmente engraçado. Até quando Lula flanava na quase unanimidade da mídia, ele era um crítico implacável do governo.
Explica-se: os ditos radicais de esquerda gostam de governos moderadamente de esquerda que lhes garantam caraminguás para manter a radicalidade da teoria. É só o vento virar, como virou, e aí a ética do martírio coletivo — "somos todos de esquerda" — ressurge.
Aí, na cachola perturbada dessa gente, surge a conclamação para a união "contra a direita". Está tudo explicadinho.
Imaginem só: no dia em que Sader não tiver mais utopias baratas para vender a seu público, terá de ser reconhecido apenas por sua sociologia, apenas pelo núcleo, digamos, teórico, técnico, de sua ciência. E vai sobrar o quê? Qual foi mesmo a sua grande contribuição ao pensamento brasileiro até aqui além da denúncia dos complôs da direita e do neoliberalismo? E Wanderley Guilherme dos Santos? Nada! Goza alguns minutos de fama ao difamar a teoria política, com a anuência de alguns menos letrados do que ele, que lhe dão bola.

segunda-feira, maio 23, 2005

Sobre o hábito da leitura...

C'est le temps de mourir, et non pas d'être hereux
Sempre estranho a cobertura que a media faz de um evento como a bienal do livro do Rio de Janeiro: geralmente focalizam alguma adolescente bastante distinta em sua morfologia lendo alguma coisa, coisa essa que pode ser até o que a ONU não considera como livro - ou seja, publicações com menos de 50 páginas - mas normalmente são livros em uma acepção comum do termo. Logo depois a câmera corta para uma entrevista desta mesma adolescente, comentando sobre a importância do ato de ler. Logo depois, de volta aos estúdios, Pedro Bial, civicamente feliz, comenta emocionado sobre o tal ato de ler e nos incentiva a ler cada vez mais, porque a leitura, e agora cortamos para algum escritor de terceiro escalão como Luis Fernando Veríssimo ou Ruy Castro, é uma porta para a cidadania, a inclusão social e todo o conhecimento das coisas passadas, presentes e futuras, em resumo: a panacéia.
E não é em nada distante disso aquelas campanhas ridículas da Globo mostrando esportistas lendo sob o lema “ler também é um esporte” - se não se mostrasse ser um esporte tão exaustivo para a maioria da população! Quanto aos esportistas, nunca os vi lendo nada “a nível de” um Paulo Coelho, quando muito lêem as obras (no sentido que quiser da palavra) daquele Titã casado com a Malu Mulher.
O que me interessa neste ponto é a dimensão moral que a leitura em si ganha em uma sociedade analfabeta e ao mesmo tempo (talvez exatamente por isso) livresca como a nossa. Que seja notado que em muitos círculos, não separados por ilustração, o grau de inteligência e cultura é intuído a partir do grau de leitura, mas o mais engraçado é quando acontece o contrário. Embora na maioria das vezes uma pessoa culta tenha realmente uma carga de leitura vasta, nela mesma seu valor mais importante não é exatamente a extensão mas sua capacidade de comunicar com as outras e seu valor para a formação cultural não apenas do homem mas de toda sua cultura.
Daí que o que se entende realmente por cultura não é exatamente uma carga amorfa de leitura, mas um grupo chave de livros para serem lidos e relidos sempre, a partir dos quais o conhecimento flui e é originado, a tal idéia dos clássicos. Sim, trata-se de uma volta ao conceito de Paideía grega, que deliberadamente confunde educação com literatura, que seja vista uma educação não como essa propagandeada pela Unesco aí na nossa televisão. E é exatamente aqui que retorno ao primeiro tema deste post, há dois tipos de leitura como há dois tipos de educação.
A primeira educação é a educação do Paulo Freire e de todos aqueles pedagogos que ao alfabetizar largas somas populacionais pensam conduzir o país ao desenvolvimento e à solução de todos seus problemas. Folgo em saber que há gente que ainda acredita nisso, mas não neguemos sua importância, esta educação tem como utilidade manter as engrenagens e o funcionamento do Estado, assim como se torna uma ferramenta para qualquer indivíduo poder sobreviver economicamente.
A segunda educação é a famosa educação liberal cujo objetivo não é economico como a educação primária ou a terciária tecnicista (como o moderno modelo de universidade) ele é antes de tudo moral: a educação liberal pode até ser inútil, mas seus objetivos são exatamente permitir o total desabrochar das capacidades humanas, aquilo que o tio Ari chamava de eudaimonia, que a gente pode traduzir como “felicidade plena”, felicidade causada pelo desenvolvimento máximo das capacidades humanas potenciais. Trata-se sobretudo de o que e como ler.
Quanto a primeira leitura, desinteressada e leve, que corre por tudo sem se fixar em bases, seu único fim pode ser o divertimento, que não é nada mais desviar a atenção, o pensamento de fatores mais importantes como o trabalho de amanhã ou do tempo que passa sem utilidade. É, em suma, um passatempo, e acreditar que alguém pode por ação do Harry Potter pular para um Molière ou um Pirandello, ou ainda mais para um Leibniz ou um Aristóteles é a epítome da ingenuidade. Quem lê Harry Potter está mais próximo de ver seus filmes do que em ler algo mais consistente, que seja Agatha Christie.
Ler por diversão não é crime, não é um ato vil, e nem um desvio moral, apenas não é uma virtude, no sentido nicomacaico mesmo desse termo, areté, valor, excelência, e tal.
Conhecer a história do pensamento, poder interpretar o mundo a sua volta livre das aparências e partidarismos modernos é uma das conseqüências da educação liberal, mas não é seu objetivo, este é a “felicidade plena”, “felicidade última”, em uma espécie de escatologia ética.


o que posso dizer sobre este post é que eu gostaria de tê-lo escrito.
mas foi esse cara.

quinta-feira, maio 12, 2005

Mais sobre Nestor

Imbecil que a esquerda colocou num pedestal porque renegociou unilateralmente a dívida externa de seu país.
Esqueceram de dizer que por negociação unilateral leia-se calote.

Aí eu lembro da música do Bruno e Marrone que é uma lição:

“vai encontrar
alguém que você ama
e que te faça o que fez comigo”

- imagina os credores barrigudinhos com uma viseira verde em Wall Street cantando isso.

ps: na verdade a maioria dos credores são fundos de pensão (é aquele que vai garantir a sua aposentadoria) e espanhóis que em um lapso de sanidade acreditou na América Latina

Alguém pode me explicar o Kirshner?

E depois Argentino gosta de “gomar” dizendo que são os ingleses da América Latina.Na Inglaterra, acredito eu, já se passou da fase dos governantes estilo Garotinho.

Cúpula América do Sul-Países Árabes

Não é preciso ser nenhum “rocket scientist” para prever que uma cúpula desfalcada dos países mais relevantes; entre duas áreas do globo que não tem nada em comum, tanto culturalmente quanto economicamente, a não ser ter governantes que sofre de “esquerdopatia” e de uma incompetência/estupidez crônica tenha dado em água


Mais uma do Lulinha paz e amor

quinta-feira, maio 05, 2005

Quem é a favor de transparência e quem é contra?

Quem votou contra a Lei de Responsabilidade Fical?
Quem seria capaz de tal fato.

Observando os nomes que votaram contra a LRF no passado nós entendemos porque hoje a LRF está em franca evolução para as cucuias.

Votaram contra além do agora ministro da Fazenda, Palocci, um defensor incondicional da lei, os então deputados e agora ministros:

- Ricardo Berzoini (Trabalho);
- Marina Silva (Meio Ambiente);
- Agnelo Queiroz (Esportes);
- Eduardo Campos (Ciência e Tecnologia);
- Waldir Pires (Controladoria);
- Aldo Rebelo (Coordenação Política);
- Jaques Wagner (Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social);
- Nilmário Miranda (Direitos Humanos)

Também votaram contra, e estão hoje em posição de destaque no governo Lula:

- o senador Aloizio Mercadante (PT-SP), hoje líder do governo no Senado e que, em 2000, era deputado federal;
- o deputado Arlindo Chinaglia (SP), hoje líder do governo na Câmara;
- o presidente do PT, o deputado José Genoino (SP);
- o atual prefeito de Aracaju, Marcelo Deda, que era deputado federal pelo PT de Sergipe;
- o deputado Paulo Rocha (PA), atual líder da bancada do partido na Câmara;
- o senador Tião Viana (AC), atual líder da bancada petista no Senado;
- e o então senador e hoje presidente da Petrobras, José Eduardo Dutra (PT-SE).

quarta-feira, maio 04, 2005

O Rio e a política

Pra entender a situação de Rio, projete o quadro atual para os últimos 30 anos.

São Paulo – Geraldo Alckmin
Minas Gerais – Aécio Neves
Rio de Janeiro – Rosinha Garotinho

Entendeu?

Fiesp é a favor do cambio flutuante, desde que não prejudique os exportadores

Em declaração ao Primeira Leitura (pra quem não conhece uma das melhores revistas da atualidade)

" O economista ( Roberto Giannetti da Fonseca: diretor de comércio exterior da Fiesp e presidente da Funcex) ressaltou que a Fiesp é favorável ao regime de câmbio flutuante, mas a cotação precisa ficar num nível razoável para garantir no longo prazo um bom desempenho da balança comercial e do balanço de pagamentos do País."

Olha, eu quero dizer que eu respeito muito o professor Roberto Gianneti, mas ainda assim eu achei que ele disse bobagens nesta entrevista.
Quer dizer que a Fiesp é a favor do câmbio flutuante desde que ele não prejudique os exportadores. Dá licença meu...

O BC vai entrar mais hora menos hora

Ainda assim, podem ficar tranqüilos.
Atendendo à pedidos desesperados dos exportadores os BC vai intervir sim. Escreve o que eu estou dizendo.
Ainda faltam no mínimo USD 14BI para o governo constituir a média de reversa de câmbio dos emergentes. Dessa forma podem esperar que mais hora menos hora a intervenção (leilões de swap reverso e compra direta) vai chegar.
Não que eu ache que essa coceirinhas que o BC vai fazer no mercado vão fazer alguma diferença substancial.

O câmbio e os exportadores - mania de intevenção estatal

Bom, vamos ver se eu entendi...

Até hoje eu não tinha dado trela para as reclamações dos exportadores com relação ao câmbio valorizado.
Eu acho que o câmbio está onde está por causa da entrada de dólares no Brasil tanto por causa das exportações (que, diga-se de passagem, não diminuíram) quanto por causa da entrada de capital especulativo devido à taxa de juros (bem) acima da média dos emergentes.

Hoje eu vi o Gianneti falando que a estratégia do BC de utilizar o câmbio como âncora para inflação é “artificialismo espúrio” aí realmente eu abaixo a orelha e tenho que parar para pensar direito tem que respeitar. Afinal o Gianneti é o Gianneti (e vice-versa), o cara manda bem.

Vamos aos fatos.
Como já disse acima, acredito que o dólar está onde está por um evento de mercado. Por um lado proporcionado pelas exportação (veja que ironia) que ele estará prejudicando em breve e por outro pelos juros praticado no Brasil.
Os exportadores e alguns outros academicamente respeitáveis estão ralhando com o governo porque ele está mantendo o câmbio artificial não intervindo nele (via swap reverso e compra direta de dólares)...

Ai ai ai, aí eu não entendi.

Quer dizer que o governo não intervindo diretamente na taxa de câmbio artificializa esta taxa?

Eu pensava que uma taxa de mercado é uma taxa natural, ainda que ela não seja uma taxa boa para os exportadores.
Para o câmbio voltar a um nível de 2,80 dois fatores podem ser responsáveis por este evento: o governo pode começar a baixar a taxa de juros e assim diminuir o influxo de capital especulativo e as exportações podem diminuir e assim diminuir a entrada de dólares no país.
Qualquer outra solução é mania de empresário brasileiro de intervencionismo estatal

terça-feira, abril 26, 2005

Sinal dos tempos

Maria Neocon,Neocon, Neocon
De dia é libertária
De noite é Cro-Magnon.

O neocon está na moda
O mundo aplaudiu
É um barato
É um sucesso
Dentro e fora do Brasil.

Maria Neocon,Neocon, Neocon
De dia é libertária
De noite é Cro-Magnon.

Lula culpa consumidor pelo preço do crédito

Menos de uma semana depois de o Banco Central elevar a Selic pela 8ª vez consecutiva, presidente afirma que o brasileiro reclama, mas “não levanta o traseiro” para procurar juros menores. - O Globo

Brilhante..

O que nos ensinou Celso Furtado

Celso Furtado é, como vocês bem sabem, um dos estudiosos da história Brasileira mais respeitados e citados no que se refere à formação econômica de nosso país.
Ler Celso Furtado é um exercício de ódio às “elites” e da opressão do capital internacional que é certamente, segundo o autor, o maior causador do atraso do Brasil e, por conseguinte, a maior parte das mazelas sociais.
A comparação entre a história dos Estados Unidos e Brasil coloniais é de fazer chorar o maior dos otimistas. Colocando a culpa em tudo menos na nossa incapacidade de proteger a propriedade privada e fomentar a livre iniciativa, o autor deixa claro que a culpa “disso-tudo-que-está-aí” nos portugueses, franceses e é claro, não poderia faltar, nos banqueiros ingleses.
O nosso maior problema histórico é o respeito é sermos a república do “se-enxerga” que evoluiu para o país do “você-sabe-com-está-falando?”.O Brasil não aprendeu até hoje que a instituições precedem a prosperidade e esta é a nossa diferença.

sexta-feira, abril 22, 2005

Deixa eu ver se entendi. A culpa é dos juros... então tá.

Lendo as palavras de nosso vice-presidente eu tenho certeza que o Brasil está no rumo... do lixo.

Conhecer a cabeça de José Alencar é interessante pois através da sua análise nós conseguimos entender como pensa o industrial brasileiro.
Necessitando sempre de ajuda ou amparo de um governo em que impera o clientelismo o empresariado que é o resultado de uma “industria nascente” de no mínimo 30 anos de idade só lê, quando lê, auto-ajuda.

É o Brasil no caminho da servidão


15:41 ALENCAR VOLTA A CRITICAR JUROS PRATICADOS NO BRASIL

Rio, 22 - O vice-presidente da República e ministro da Defesa, José Alencar, voltou
a criticar os juros praticados no País. Segundo ele, os juros altos têm feito com que
não haja recursos para atender às necessidades essenciais como educação,
saúde e saneamento. Alencar falou sobre os juros, quando questionado por
jornalistas sobre o pleito de reajuste das Forças Armadas. Segundo ele, as Forças
Armadas estão pleiteando recuperação de perdas que já acumulam 35%, mas "a
fase dura" do orçamento impede a reposição destas perdas. "O quadro é muito
difícil. Sabemos que o grande problema do orçamento da República é a rubrica dos
juros com que se rola a dívida pública brasileira".

Alencar apresentou números que mostram que a média dos juros reais no Brasil,
em torno de 13%, é treze vezes maior do que a média de 40 países "que têm
Banco Central e usam a política monetária como instrumento de combate à
inflação". Alencar disse que "isso está errado" e acusou os juros, inclusive, de
prejudicar o reaparelhamento das Forças Armadas. Questionado também se o
governo hoje seria injusto por causa dos juros elevados, Alencar destacou os
avanço que, segundo ele, foram registrados na economia brasileira no ano
passado e chegou a prever que o crescimento de 5,5% de 2004 poderá se repetir
neste ano. Ele participou de solenidade do Dia Nacional de Aviação de Caça no
Rio. (Jacqueline Farid)

Economista

É muito engraçado quando um economista pára de falar economês e tenta se comunicar com o “povão” utilizando alegorias e comparações que na maioria das vezes não fazem o menor sentido.
Quem não lembra daquele idiota que aparece no fantástico ostentando o título de economista.

quarta-feira, abril 20, 2005

Sobre o Papa

Sobre o Papa

O Blog andava meio esquecido mas estou de volta... e agora prometo que não largo até alguém lê-lo.
É de se esperar que o tal do Beto, aquele que diz que é Frei, que tomou uma “comida” eclesiástica do atual papa ia chiar com a eleição do Bento XVI.
É obvio que os movimentos de base, a CNBB e o clero brasileiro que é notoriamente um dos piores do mundo ia e ainda vai (escreve o que eu estou dizendo) xingar, fazer pirraça, bater pesinho e fazer beicinho com as opiniões do novo papa.
Padre aqui no Brasil é marxista e pronto, os que não são estão na TFP ou que o valha.
O fato é que como nosso amigo Alexandre Castro bem disse a eleição de um papa que defende a doutrina católica é bom para gregos e troianos (ou católicos e pagãos) só não é bom para o Frei Beto e gente da categoria do pobrezinho que vive de dar opinião e fazer firula se aproveitando do nome da Igreja Católica e do seu rico dinheirinho.

terça-feira, fevereiro 01, 2005

Coisas incríveis sobre o FSM

Essa mulherada está muito moralista.
Uma marcha contra a moralidade tem que acabar em sacanagem, de outra forma fica uma coisa pelega, reacionária.
As esquerdistas de hoje não são como as de antigamente

- marcha dos pelados encontra a marcha das feministas

Porto Alegre não bebe Coca

O espírito de sacrifício dos combatentes utópicos é incomensurável. Oficialmente fazia um calor de 30ºC, somados a mais algumas dezenas de graus que ninguém sabia donde vinha e que aderia à pele como algo pegajoso. Entretanto em nenhum lugar do FSM se podia comprar a malvada Coca-Cola: "Está proibida em todo o recinto do Fórum" se apressou em me dizer uma altiva e linda mocinha saída da minha adolescência de pôsteres de Che Guevara e agora travestida em guerreira anti-globalização.

Pois bem, o Fórum da Liberdade começa proibindo. Rogo inutilmente e me deparo com um professor barbudo com credencial não vencida de velho maoísta: "Este Fórum luta contra as multinacionais e contra a opressão americana!" Contra as multinacionais? Mas se todos aqui chegaram em aviões de companhias multinacionais? Mas se usam internet como loucos, que é uma invenção americana?E os telefones celulares para convocar os amigos? E o Michael Moore que se empanturra de Coca-Cola? Ainda com espírito provocador e acenando com um destes lencinhos palestinos que compõem a paisagem de fundo deste fórum, balbucio timidamente: "Sabem que a fábrica da Coca-Cola em Ramalá dá empregos a dez mil palestinos? Como esse boicote é feito lá?" Mas recebi o desprezo do velho revolucionário e seus iluminados alunos e decidi matar minha sede com um guaraná não-globalizado que não suaviza minhas contradições mas ao menos atenua meu calor.

A verdade é que o FSM possui grande diversidade e seria injusto não assinalar a quantidade de conferências, debates e projetos que têm como objetivo contornar as injustiças e encontrar novas fórmulas. Especialmente interessantes são aqueles que estão vinculados ao meio ambiente e aos direitos da infância. Modestamente o debate Dois Povos Dois Estados - O caminho da negociação no conflito palestino-israelense, organizado pela UNESCO, do qual eu participei junto com o professor palestino Manuel Hassassian e seu amigo israelense Edward Kaufman, conhecidos pacifistas, pôde ajudar a dar uma visão mais serena do conflito. Mas a serenidade não é precisamente o substantivo deste Fórum e aí estão as vaias e os gritos de "traidor" contra Lula; a proibição de que o prefeito de Porto Alegre, José Fogaça, visite o Fórum, apesar de ser o prefeito democraticamente escolhido e o convite para que Hugo Chavez seja uma das grandes estrelas. Foi um milagre não convidarem Muamar Kadafi! O lema que acompanha pomposamente o Fórum, outro mundo é possível, começa boicotando a livre circulação de produtos; proibindo a entrada de representantes legítimos e convidando presidentes populistas, expoentes do pior socialismo medievo.À partir daqui o Fórum é patrimônio dos setores mais ruidosos da extrema esquerda, cuja incapacidade para conseguir resultados eleitorais não os impede de se auto nomearem proprietários exclusivos dos grande conceitos de solidariedade. Não sei se outro mundo é possível, mas ainda acredito ser possível sonhá-lo, mas o que estou certa é que não o vejo no FSM. Não os vejo nos murais grafitados a favor da "heróica resistência iraquiana", convertendo os loucos assassinos que degolam seres humanos em heróis românticos. Não os vejo nos textos que equiparam a Alemanha Nazista aos EUA ou a Israel - minimizando até a perversão do que significou o nazismo - e leio sobre isto no mesmo dia em que o mundo comemora o sessenta anos da libertação de Auschwitz. Não o vejo na inexistência de uma mínima recordação, de uma mínima homenagem às vitimas do Holocausto. No Fórum onde outro mundo é possível, o desprezo às vitimas judias da Shoa é mais que evidente. Não, não vejo este novo mundo na simpatia com que são acolhidos países vítimas da maldade americana, como esta bonita democracia sobrecarregada de direitos humanos, chamada Irã. E continuo: Inexistência de um mínimo discurso crítico para com as ditaduras dos petrodólares, mas ódio feroz a Israel. Lógico que não há duvida que todos os loucos que suicidam-se matando dezenas de pessoas pelo mundo inteiro são milicianos que lutam pela liberdade. Nenhuma análise sobre a ideologia totalitária do integralismo islâmico, mas uma consideração geral de que o único causador do problema mundial fala inglês. E o que mais me dói é a absoluta ausência de um panfleto, um papelinho, uma pequena frase para recordar os milhões de mulheres escravizadas em nome de Alá. Se fosse em nome dos Estados Unidos...

Mas o FSM e tantos outros de seu estilo só se preocupam com as vitimas quando os "bandidos" ostentam Stars and Stripes ou a Estrela de Daví no peito. Vejam o presidente totalitário do Sudão, assassino de milhões de pessoas, não tem ninguém que o acuse no fórum da solidariedade. Existe o Sudão no imaginário do FSM? Um dia desses vão convidá-lo para que fale pelo Terceiro Mundo.Dizia um ditado que haveria outros mundos, mas que todos estavam neste. Passeando pelo Fórum de Porto Alegre, rodeada de toda estética cheguevarista em uso, suando uma gorda gota de um calor abrasador anti-multinacional, acompanhada das palavras de ordem da extrema esquerda - a mesma que sempre traiu a liberdade - tenho a impressão que um outro mundo existe e é possível. Mas este outro mundo não está neste Fórum Social Mundial. Se estes daqui com seus dogmas anti-liberais; seu maniqueísmo; seu desprezo pelos valores da democracia; seus heróis terroristas e suas fobias têm que mudar o mundo, terão que voltar as velhas idéias de 68. Se vocês mudarem o mundo, parem-no, que eu vou descer!

Publicado por El Pais.

A autora é escritora, ex-deputada do Parlamento Europeu, membro do Partido Socialista da Espanha e militante feminista. Esteve no Fórum Social Mundial a convite da Federação Israelita do Rio Grande do Sul (FIRGS) e corre o mundo fazendo palestras defendendo Israel e o sionismo. Este artigo foi publicado originalmente em castelhano no jornal espanhol.

segunda-feira, janeiro 31, 2005

IBGE terá que mostrar o resultados de suas pesquisas ao governo antes de divulgá-los

A cada dia o governo vem dando sinais do seu viés totalitátio.
Quando será que a nossa imprensa "chapa branca" vai enfim colocar a boca no trombone e denunciar o circo Stalinista que está sendo montado em Brasília?
A notícia que o IBGE terá que mostrar ao patrão as pesquisas antes de divulgá-las é vergonhosamente típica de um governo que estudou naquela cartilha que já levou 100 milhões para a cova e está levando o Brasil para a cela.

Nada como a democracia brasileira

A mordaça que agora impede o IBGE de divulgar resultados de pesquisas antes que o governo decida se concorda com eles mostra, finalmente, que cara têm as mãos que dirigem o país.
Nem na longa treva da ditadura militar (sic) a direita raivosa e maniqueísta ousou tanto.
O trabalho do Instituto reflete retratos da sociedade e precisa de independência para ser produzido. Seus resultados devem servir para orientar políticas e programas de governo. Não pode ser o contrário.
Decidir o que deve – e como deve – ser levado ao conhecimento da população é lance arriscado que ofende a democracia. Com ele vem a irresistível vontade de retocar as fotografias e reescrever a história. Ditaduras de esquerda ou de direita são sempre parcelas da mesma conta. Só trocam de sinal.

Xico Vargas - No Mínimo