terça-feira, novembro 16, 2004

Cagada ensaiada

Coisa que só acontecem no Brasil...

Com intervalo de somente um dia, o dois “monstros sagrados” da ciência econômica brasileira dão cacetadas brilhantes tropeçando como sempre nos mais básicos conceitos de liberdade econômica e livre mercado.

Recomendo que se tome um Engov antes de ler as declarações e um outro logo depois.

14:26 LESSA DIZ QUE DEZ EMPRESAS BRASILEIRAS QUEREM SE TORNAR MÚLTIS

Rio, 26 - Cerca de dez empresas brasileiras querem se tornar multinacionais e transferir suas sedes para outros países, segundo o presidente do BNDES, Carlos Lessa, "Há oito ou dez grupos nacionais que podem virar Ambev", disse Lessa referindo-se à companhia de bebidas ter se tornado belga com a associação à Interbrew em discurso em seminário na instituição sobre Arranjos Produtivos Locais (APL) como instrumento de desenvolvimento.

Lessa contou que as empresas integrantes da Ambev tomaram 700 financiamentos no BNDES desde a década de 60 e criticou a operação com a Interbrew que transformou a nacionalidade da companhia. "Do ponto de vista deles (os controladores da Ambev), perfeito. Do ponto de vista do Brasil, uma porcaria de negócio", disse. "O problema que vejo é que isso não é bom para o Brasil. Não gera emprego aqui", disse.

(Adriana Chiarini – Agência Estado – 26/10/2004)





A questão que fica no ar é: - Será que o Lessa espera que o investidor/acionista permaneça no Brasil por patriotismo ou imbecilidade? Claro que ele esqueceu de citar o pequeno problema com a tributação extorsiva e o ambiente regulatório estapafúrdio em que vivemos (sem contar os probleminhas com MST’s e violência além de corrupção endêmica).

Definitivamente depois de ler a “brilhante” declaração de nosso banqueiro preferido, chegamos à conclusão que o Brasil está definitivamente no “Caminho da Servidão” 1, será que ninguém aprendeu com os últimos cinqüenta anos?



And last,but not least, aos discípulos da famigerada Conceição Tavares eu envio estas pérolas totalitárias daquela que confunde estado forte, responsável e saudável com o elefante corrupto e ineficiente atual.





25, 13:56 CONCEIÇÃO: GOVERNO LULA RETOMA TRADIÇÃO DESENVOLVIMENTISTA

Rio, 25 - A política econômica do atual governo é diferente da praticada por Fernando Henrique Cardoso e representa a volta à tradição desenvolvimentista brasileira (?)* considera a economista Maria da Conceição Tavares, que foi deputada federal pelo PT. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva restabeleceu a dualidade entre Banco Central e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), disse Conceição durante o seminário "Vargas e o projeto de desenvolvimento nacional".

Segundo Conceição, Lula voltou "à grande tradição brasileira", iniciada por Getúlio Vargas, de ter, em contraponto à política macroeconômica, outras políticas econômicas desenvolvimentistas. "A intervenção para fazer a privatização de Fernando Henrique foi a maior e colocou Banco Central e BNDES - os dois aparelhos de Estado mais antagônicos, importantes e desenvolvidos da República - trabalhando juntos", disse.

Logo após o evento, em entrevista, ela afirmou que "não existe macroeconomia de esquerda" (isto é bem verdade)* e que o Ministério da Fazenda e o Banco Central têm mesmo que ser conservadores. "O que existe é: governos que combinam macroeconomia ortodoxa com o desmantelamento do Estado (foi só elogiar)*. Este é Fernando Henrique Cardoso. Tem um outro lado que compatibiliza isso (macroeconomia ortodoxa com Estado forte)", disse.

Para Conceição, é da natureza do regime liberal ser autoritário (ninguém merece)*. De acordo com ela, Juscelino Kubitschek (JK) montou o tripé no Brasil de ter grandes grupos privados nacionais, estatais e privados estrangeiros (será que ele tinha outra opção e quais foram os resultados dessa decisão para a dívida externa brasileira?)*. Fernando Henrique quis acabar com o pé dos grupos estatais. "A ordem liberal não aceita estatal e nem liberalismo". Conceição disse também que Lula foi o maior negociador entre os presidentes brasileiros desde JK. (Adriana Chiarini)





25, 12:31 CONCEIÇÃO TAVARES: EM SP, ANTIESTATISMO VAI DA DIREITA À ESQUERDA



Rio, 25 - A economista Maria da Conceição Tavares constatou que a hegemonia política do País voltou a São Paulo desde a década de 90, lugar onde de acordo com ela "há um antiestatismo que vai da direita à esquerda". Em discurso no seminário Vargas e o projeto de Desenvolvimento Nacional, Conceição disse que o liberalismo econômico não é democrático e que não está ligado ao liberalismo político.



Segundo Conceição a intervenção econômica do Estado pode ser mais democrática porque pode se voltar aos setores populares. No entanto, de acordo com ela, em São Paulo isso é considerado populismo. "Cabe esperar que dessa vez os paulistas sejam liberais políticos e verdadeiramente democráticos", afirmou.



Conceição declarou ter grande admiração pela capacidade de negociar de Vargas e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ela, que já foi deputada federal pelo PT, disse que introduziu no partido o debate sobre a questão nacional. "Antes, só falavam da luta de classes", disse. (Adriana Chiarini)





Filhos da UFRJ uni-vos. Nada temos a perder senão os grilhões daqueles que aprisionam nossas mentes...





As declarações são produzidas pela Agência Estado com comentários de Ricardo Corrêa, aluno do 8o período do curso de economia.

1-Título do livro de Frederick von Hayek a venda no Instituto Liberal e de leitura, se não obrigatória, pelo menos extremamente recomendada.