segunda-feira, julho 18, 2005

Trunfos do Governo para 2006

1) o grande ativo de Lula é a estabilidade, e ela não lhe pertence exclusivamente (nem originalmente);

2) a gestão do governo é uma vistosa barafunda, e, para lembrar Eliana Cardoso, "é difícil encontrar virtudes no funcionamento da economia atual que não sejam derivadas do contexto internacional favorável" – logo, como Blanche Dubois, de Um Bonde Chamado Desejo, continuamos dependendo da "boa vontade de estranhos";

3) há uma boa possibilidade de que este cenário externo hospitaleiro sofra mudanças importantes;

4) há sinais evidentes de desinstitucionalização das relações políticas e de desprestígio à democracia representativa;

5) a violência cresce no campo e nas cidades, e se responde ao desafio, num caso, com peroração ideológica e, no outro, com parnasianismo sociológico;

6) nas relações exteriores, está evidente que o governo prefere ditaduras a democracias;

7) há um óbvio aparelhamento do Estado pelo PT, o que dificulta ou impede reformas estruturais que ainda estão por ser feitas.

- Primeira Leitura

sexta-feira, julho 15, 2005

Venezuela, Chavez e a solução bolivariana

Hugo Chávez, presidente da Venezuela, acusa Bush de incentivar os conflitos na Bolívia. Segundo o presidente venezuelano as pressões que impeliram o presidente Carlos Mesa a renunciar em 6 de junho deste ano foram o repúdio popular às políticas “Neoliberais” advogadas pelo presidente americano.

Chávez, naturalmente, recomendou como remédio à crise venezuelana sua própria revolução. Ele, um líder autocrático, recomenda a aplicação de um “welfare state” que supostamente drena os lucros vindos dos monopólios estatais para programas de assistência social dirigidos aos menos favorecidos. Vale lembrar que a sugestão não tem nada de nova. A concentração do erário na mão de poucos com muito poder é a receita clássica da América Latina para o aumento da corrupção e de ruína econômica.

O que a Bolívia realmente precisa é uma dose cavalar da receita oposta: compromissos com marcos regulatórios que mantenham o governo fora do ramo de energia e um novo arcabouço legal que proteja de fato a propriedade privada possibilitando, desta forma, que grupo à princípio antagônicos trabalhem de maneira conjunta cada um em busca de seus objetivos.

Um pouco de história

Grande parte dos distúrbios sociais na Venezuela originam-se da discórdia entre os descendentes de europeus e a maioria indígena da população. Os hispânicos no passado receberam títulos e garantias para suas propriedades e acesso ao poder político. Enquanto os indígenas, segregados, em sua maioria mantinham-se na ignorância, longe do ensino público e obrigados, por falta de opção, a trabalharem em minas de prata e estanho, quando não em culturas de subsistência.

De sua independência em 1825 a 1980 a Bolívia experimentou um histórico de instabilidade política com golpes freqüentes e constituições de vida curtas. Depois da revolução de 1952, o país nacionalizou sua industria mineral e redistribuiu suas terras a grupos indígenas. No decorrer de vinte anos, o setor publicou inflou e o país acumulou uma dívida tão grande que a economia quase regrediu ao escambo.

De 1985 a 2000 com líderes civis eleitos legitimamente, um congresso mais independentes, privatizações de industrias estatais, menores impostos e abertura econômica ao comércio internacional trouxeram estabilidade ao país e uma taxa de crescimento econômico anual de, em média, 4%. Infelizmente os interesses conflitantes naquele país desperdiçaram o momento para identificar os interesses comuns e promoverem uma ampla participação em uma economia livre.

O Problema do Gás

Focados estritamente na assistência americana que ajudou a Venezuela a eliminar 90% de suas plantações ilícitas de coca o governo falhou em substituir a cultura de coca por outra legalizada tendo que amargar queda na renda e contração na economia. No final do século passado o então presidente Jorge Quiroga contou com a exploração das recém-descobertas reservas de gás natural para sanar seus déficit e diminuir o impacto na queda de renda deixando o problema da diminuição da renda para seu sucessor.

Eleito em 2002, Gonzalo Sánchez de Lozada tentou, de forma a resolver seu problema de déficit público, aumentar a renda do governo via aumento de impostos se colocando em uma posição desconfortável em relação a seus eleitores. O anúncio da construção de um gasoduto ligando a Venezuela aos Estados Unidos para aumentar as exportações de gás, sem maiores explicações á população, foi mais uma medida extremamente impopular imposta pelo governo de Sanchéz.

Agitadores exploraram a oportunidade. Em setembro de 2003 uma turba de manifestantes bloqueou ruas e vandalizaram várias regiões da Venezuela em protesto a construção do gasoduto. A violência aumentou quando os manifestantes abriram fogo contra as tropas de choques da polícia que tentava livrar um grupo de turistas da massa que atirava pedras nestes. Quando os militares abriram fogo em resposta os líderes do tumulto chamaram o ato de massacre do governo sobre os manifestantes colocando novamente o governo em cheque. É interessante que se diga que posteriormente, o comandante das forças armadas bolivianas reportou à imprensa que 70 rebeldes das FARC haviam entrado no país para participar das manifestações contra o gasoduto.

Em 17 de outubro de 2004, Sanchéz renunciou da presidência da Venezuela tendo como substituto o vice-presidente Carlos Mesa. O novo presidente adotou uma agenda conciliadora para ganhar tempo. Como resultado desta estratégia, os agitadores mantiveram as suas ofensivas, forçando o governo a aceitar a nacionalização de indústrias de óleo e gás, novas eleições e uma nova assembléia constituinte de forma beneficiar diretamente aos grupos que representam.

Em março de 2005, Mesa ofereceu sua renúncia ao congresso, que rejeitou a oferta. Em maio o mesmo se negou a assinar uma lei aumentando os royalties da energia gerada por empresas multinacionais de 18 para 50 por cento, sem um veto formal a lei passou. Em 6 de junho deste ano o presidente renunciou definitivamente. O legislativo nomeou o presidente do supremo, Eduardo Rodrigues, como substituto do presidente. Como Rodrigues não está na linha formal de sucessão presidencial as novas eleições tornam-se mandatórias para a manutenção do estado de direito.

Nós contra eles

Novas eleições não manterão grupos intransigentes longe de desentendimentos. Em disputa por poderes estão de um lado líderes indígenas radicais como Jaime Solares e Aberl Mamanu, o congressista Evo Morales, líder dos plantadores de coca de Cochabamba e líder do partido socialista. Todos querem a nacionalização da produção e refino de óleo e gás natural e uma nova constituição que distribua as propriedades rurais.
Do outro lado estão os homens de negócio da província de Santa Cruz, que preocupados com a repetição da revolução de 1952 e a conseqüente falência na economia, eles desejam um governo autônomo e um controle efetivo sobre os recursos naturais. A maior parte dos depósitos bolivianos de hidrocarbonetos estão ameaçados devido a constituição da Bolívia não proteger a propriedade privada e os recursos do subsolo pertencerem ao estado, o controle governamental é crucial para ambos os grupos.

Regressão Democrática

Depois 20 de estabilidade e crescimento econômico a Bolívia, aparentemente, está regredindo a condição anterior de histórico de golpes, vinganças e populismo. Mas, o antídoto para uma guerra entre ricos e pobres é algo que nenhum dos lados considera: o diálogo e o consenso sobre o papel do governo e sobre os direitos sobre propriedade.
Diversamente a luta dos grande ativistas como Solares, Mamani e Morales, muitas comunidades indígenas estão cautelosos em relação a panacéias populistas. Líderes empresariais devem alcançar este público para que consigam criar uma coalizão de interesses para o acesso ao interesse político, participação econômica e leis de defesa da propriedade mais fortes de forma a todos terem a possibilidade de possuir propriedades, se beneficiar com as riquezas do subsolo e manterem a renda do país.

Golpe das Elites

15:30 ATAQUE DA OPOSIÇÃO FOGE DO MODELO "CLÁSSICO", DIZ MARIA DO ROSARIO

Rio, 15 - A deputada Maria do Rosario (PT-RS), candidata da chapa Movimento à Presidência do Partido dos Trabalhadores, disse que o discurso de ontem do líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio, "mostra o tipo de golpe que querem dar". Para ela, "uma das formas mais perversas de ataque do PSDB hoje é defender que o Lula não concorra à reeleição".

Maria do Rosario considera que o "ataque" de Virgílio a Lula "é desrespeitoso com o presidente e o Brasil".

Indagada se concorda com as denúncias de tentativa de golpe da oposição feita por alguns petistas, como reação às críticas ao governo, Maria do Rosario respondeu que "inicialmente, quando começamos a receber denúncias, vinculamos o tema à perspectiva de golpe". Segundo ela, com a passagem do tempo ficou claro que a intenção não é de um "golpe clássico", mas que a oposição está se utilizando politicamente do desgaste do governo paralisando o Congresso, "atingindo dessa forma as instituições". E perguntou: "a paralisia das instituições interessa a quem? É uma forma de golpe?" A deputada está lançando hoje no Rio a candidatura para as eleições do dia 18 de setembro à presidência nacional do PT. (Jacqueline Farid)

O Golpe

A palavra Golpe está sendo repetida muitas vezes nos noticiário.

É natural que qualquer ser humano bípede, quando ouve as reclamações da esquerda do PT a respeito do golpe das elites contra a esquerda pobrezinha e limpa faz um sorrizinho de canto de boca e desconsidera a colocação.

Mas, a repetição desta palavra na cabeça de ativistas, panfletadores, funcionários públicos, bancários, sindicalistas, universitários e outras subespécies políticas pode começar a desenhar um cenário esquisito no horizonte.
Não sei... mas não tenho um bom pressentimento.

Política

O cenário político está pastoso. Isso todo mundo concorda.
O ponto de discordância é quem está sujo com o embostejamento do cenário.
Com o conforto dado ao “efelentífimo” pela última pesquisa CNT/SENSUS que demonstrou que até àquele momento a presidência não havia se sujado e toda a culpa do imbróglio estava sendo dada a câmara e ao ‘sistema’, herança maldita... a estratégia, tanto do presidente quanto da posição mudou.
Agora o Lula fica de coitado, dizendo que o Brasil não merecia essa facada e que ele não sabia de nada e a oposição, doravante, como os macacos da Quinta da Boa Vista, vão ficar jogando merda em quem passar frente deles, principalmente no Presidente.
Agora a Bolsa vai querem precificar o risco político.

terça-feira, julho 12, 2005

Sobre o liberalismo

Cada vez que eu converso com uma pessoa razoavelmente esclarecida que se diz anti-liberalismo eu me convenço que ele é um liberal de carteirinha...
Todo mundo deveria saber algumas verdades óbvias sobre o liberalismo:

- O Partido Liberal, no Brasil, não é liberal... ele tem esse nome sim, mas isso não faz dele liberal... assim como o Partido dos Trabalhadores não é necessáriamente dos trabalhadores, por exemplo.
- O Partido da Frente Liberal também não é um exemplo de Partido que defenda o ideário liberal... na verdade o PFL é um bom exemplo de clientelismo e coronelismo conservador no Brasil. Um partido com homens como ACM Neto e Bornhausen não pode ser sério.
- O Plano Real não é um plano Neoliberal por duas razões: porque não atacou o verdadeiro problema do Brasil, o déficit público e porque não existe essa coisa chamada Neoliberalismo, o que existe é Liberalismo.
- Ser Liberal não é ser contra os pobres, é na verdade ser contra a maioria dos homens extremamente ricos (por exemplo Fidel Castro, Lula, Delúbio, Valério, Bin Laden...)
- Ser Liberal não quer dizer que você é um cara bem liberal e fica tranquilo quando mexem com a sua mulher na rua e quando a sua filha põe piercing no nariz.
- Liberal americano é totalmente diferente de liberal no resto do mundo.
- FHC não é neoliberal.
- Lula não é neoliberal.
- Liberal não gosta de juros altos, gosta de juros de mercado.
- Liberal não gosta de dólar baixo, gosta de dólar de mercado.

A Finlândia

Um espírito de porco aqui do trabalho acabou de me falar sobre os seus sete meses na Finlândia a trabalho.Disse horrores sobre este país tão pacato... eles, aparetemente, odeiam tudo que não é finlandes.

Quero me mudar para a Finlândia

Não quero comentar muito mais a crise política.
Ler a Veja nas últimas semanas é como ler a Contigo ou qualquer outro semanário de fofocas.
Não me interessa.
É quase impossível comentar a crise sem apelar por chavões e lugares comuns.
Não quero saber se o filho do Lula namora a Elizabeth Savalla ou se ele tem um caso com o namorado surfista de Cabo Frio do Roberto Jefferson.
O Brasil está parado, perdendo tempo com discussões sobre o sexo dos anjos e sobre a neutralidade da moeda enquanto o tempo passa.
Eu quero me mudar para a Finlândia.

segunda-feira, julho 04, 2005

BBC diz que Chávez e Fidel perderam o interlocutor Dirceu

A jornalista Márcia Carmo, enviada da BBC a Caracas, diz que “os analistas venezuelanos entendem que os presidentes Hugo Chávez (Venezuela) e Fidel Castro (Cuba) perderam com a saída de José Dirceu da Casa Civil.” O professor de Ciências Políticas da Universidade Central venezuelana, Diego Bautista Urbaneja, disse à BBC: “José Dirceu era partidário dos dois governos (Chávez e Fidel) e a saída dele foi uma má notícia para os dois presidentes".

- Até que enfim uma notícia boa

E todos fingem que Lula ignora o que é seu partido 1h30 -

Por enquanto, a elite política brasileira e os formadores de opinião vão tropeçando nos métodos petistas de operar a coisa pública e vão fingindo que Lula não tem nada com isso, como se fosse um mero agregado do PT. Lula, é preciso que fique claro, é sua maior estrela e seu maior dirigente. O manto politicamente correto e ideologicamente hipócrita que protegia o partido impediu que suas administrações estaduais e municipais fossem devidamente avaliadas. Hora de se voltar a falar a sério sobre Santo André, onde tudo começou. - RA

Contra fluxos não há argumento

O mercado, definitivamente, não tem uma lógica muito compreensível.
Na eleição do Lula a bolsa despencou até quase 8 mil pontos e o dólar foi até quase 4 reais.

Agora nós temos uma crise política que pode redundar até mesmo em crise institucional e o mercado nada.

A única explicação, principalmente para a queda continuada da moeda estrangeira, são os fluxos que não se acabam. Por um lado as exportações e por outro as captações de empresas privadas que não páram de forçar o dólar para baixo.